Antônio Francisco de Lacerda

Antônio Francisco de Lacerda nasceu em Salvador, em 1º de outubro de 1834.

Era filho do comerciante português Antonio Francisco de Lacerda, titular da empresa Antônio de Lacerda & Cia. Chegou na Bahia por volta de 1820 e estabeleceu-se em Valença, onde montou uma fábrica de tecidos.

Ele tinha cinco irmãos, incluindo o engenheiro Augusto Frederico de Lacerda, que viria a ser seu sócio nos empreendimentos.

Lacerda iniciou seus estudos no Colégio do Padre Moura. Em 1844, foi para Genebra, Suíça, onde ficou sob os cuidados do naturalista Augusto de la Rive, de Pictet de Plantamour e do bispo Gaspar Meunillod, que contribuíram para sua educação.

Retornou a Salvador, em 1850, e, no ano seguinte, viajou para os Estados Unidos, onde se matriculou no Rensselaer Polytechnic Institute, em Troy, estado de Nova York. Fundado em 1824, é uma das mais antigas e tradicionais escolas de engenharia dos EUA.

Seu irmão Augusto matriculou-se no mesmo instituto, em 1852, e concluiu o curso de engenharia em 1855 (veja o quadro abaixo). Depois trabalhou em Massachusetts até o final de 1857 e retornou ao Brasil em janeiro de 1858.

Os registros do Instituto Rensselaer indicam que Antônio de Lacerda deixou o curso em 1853 e não se graduou. Em 1856, aos 22 anos, seu pai o chamou de volta para ajudar nos negócios da família.

Em 1865, Lacerda abrigou em sua casa Louis Agassiz que estava no Brasil em missão científica.

Lacerda fundou a Companhia de Transportes Urbanos. Em 1869, seus bondes, de tração animal, faziam o percurso do Largo da Piedade ao Largo da Vitória*. Outros empreendimentos se seguiram.

Casou-se com a belga Adèle de Montobiou, com a qual teve sete filhos. Após sua morte, Lacerda casou-se novamente com Maria Joaquina da Cunha Menezes, tendo mais uma filha.

A história de seu mais famoso empreendimento, o Elevador que leva o seu nome, é um capítulo à parte da Engenharia nacional. Chamavam de utopia. Ao ser inaugurado, em 1873, era o mais alto elevador público do mundo. O alto custo de sua execução, entretanto, nunca se pagou.

Por suas realizações recebeu muitas homenagens e vários títulos, como a de Cavalheiro da Ordem de Cristo, Comendador da Imperial Ordem da Rosa e Cônsul Honorário da Bélgica na Bahia, nomeado pelo rei Leopoldo II, da Bélgica. Recusou o título de Barão de Lacerda oferecido pelo Imperador D. Pedro II, alegando falta de condições para sustentá-lo.

Além de empresário, Lacerda era um filantropo e cientista da época. Publicou vários artigos científicos e foi laureado duas vezes pela Societé d’Acclimatation de Paris. Construiu a Capela Nossa Senhora das Vitórias (Pupileira) e criou uma escola para crianças pobres, entre outras contribuições.

Lacerda faleceu aos 51 anos, em dois de agosto de 1885, vítima do mal de Bright, uma doença associada à hipertenção arterial.

Mais imagens antigas do Elevador Lacerda

 

O imponente Elevador Lacerda, visto da Praça Cayru, por volta de 1940. O ousado empreendimento de Antônio Lacerda, inaugurado em 1873, é um símbolo da pujança baiana do século 19. Os irmãos Lacerda projetaram e executaram um marco da engenharia mundial.

Posteriormente, em 1930, a OTIS participou da instalação dos novos elevadores. A secular empresa estadunidense, ainda hoje, a líder do setor, anunciou pelo mundo o seu grande feito. Veja o anúncio de 1932►

 

História de Salvador

 

Parte da pintura em óleo de Antônio de Lacerda, no acervo do Museu da Santa Casa da Misericórdia.

 

 

Augusto Frederico de Lacerda (1836-1931)

(Irmão de Antônio de Lacerda)

Augusto Frederico de Lacerda, o irmão mais novo de Antônio de Lacerda, nasceu em Valença, na Bahia,  em 14 de março de 1836. Ingressou no Rensselaer Polytechnic Institute, em Nova York, em outubro de 1852. Concluiu o curso em 1855, com o grau de B.S. (Bachelor of Science). Em 1856 entrou para uma indústria de algodão, em Holyoke, Massachusetts, trabalhando nos processos de manufatura e efetuando todos os cálculos de maquinaria.

Em janeiro de 1858, Augusto retornou ao Brasil e assumiu o controle da fábrica de tecidos "Todos os Santos", em Valença, durante sete anos. Nesse mesmo tempo, gerenciava uma pequena fundição e uma loja de tecidos e equipamentos para confecções.

Essa fábrica de tecidos chegou a ser a maior do Império e foi visitada por D. Pedro II, em 1860. O pai de Augusto era um dos proprietários. Em 1858, o engenheiro responsável, o estadunidense João Monteiro Carson, faleceu e Augusto assumiu a direção da fábrica.

Posteriormente, Augusto passou a viajar com frequência para Salvador, onde trabalhou na construção do fornecimento de água, turbinas à vapor e moinhos de vento. É possível que parte dessas atividades tivesse relação com a instalação, pioneira no Brasil, de água encanada em Salvador, pela Companhia do Queimado.

Em 1869, uniu-se ao seu irmão para construir o audacioso Elevador Lacerda.

Augusto também melhorou as condições de várias estradas em Valença, construiu pequenas pontes e participou do conselho municipal para os novos empreendimentos. Recebeu de Dom Pedro II o título de Oficial da Imperial Ordem da Rosa.

Os registros do Rensselaer Polytechnic Institute indicam que Augusto de Lacerda tornou-se engenheiro de minas e tinha endereço no Largo de Roma, na Bahia.

Faleceu em 1931, em Salvador.

 

(1834 - 1885)

 

Antônio de Lacerda

 

Antonio Francisco de Lacerda, pai

O português Antonio Francisco de Lacerda, chegou na Bahia por volta de 1820. Naturalizou-se brasileiro e estabeleceu-se em Valença. Faleceu por volta de 1873.

Escreveu, junto com André Comber e João S. Gillmer, o Parecer de uma commissão de negociantes sobre o meio de promover a agricultura na Bahia etc. (Bahia, 1846, 19 pp).

 

Elevador Lacerda

 

* De acordo com Filinto Elysio Barreto, na publicação O Comendador Antônio Francisco de Lacerda e a Evolução dos Transportes Urbanos na Cidade do Salvador. Centro de Estudos Baianos, 1969.

 

 

Salvador Seculo 19

 

Elevador Lacerda

 

Antônio de Lacerda em foto publicada em um antigo jornal.

 

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Antônio de Lacerda

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