Salvador no Século 19

 

No início do século 19, o município de Salvador possuía mais de 70 mil habitantes. A Cidade era a maior do Império Lusitano, depois de Lisboa, a mais rica do Brasil. Uma das mais belas cidades da América e de todo o Hemisfério Sul. Na época, Salvador era maior que a Cidade de Nova York, então com cerca de 60 mil habitantes, sendo na época, a maior cidade dos Estados Unidos.

Sua beleza era mesmo famosa, como demonstraram Charles Darwin, que se apaixonou pela Bahia, e Robert Fitz-Roy, o comandante do Beagle, que relatou: renomados autores já disseram tanto sobre a Bahia, seu porto espaçoso e ambientes agradáveis, que seria impertinente, em uma mera narrativa, fazer observações precipitadas... Fitz-Roy referia-se às suas observações sobre a Cidade Baixa, que chamou de suja e fedorenta, mas que na Cidade Alta ficava-se livre de qualquer aborrecimento. Cabe notar que, naquela época, não existia, no mundo, porto limpo e cheiroso, Londres não era diferente. Pode-se deduzir que, mesmo o mal-humorado Fitz-Roy, que raramente elogiou os lugares por onde passou, gostou muito de Salvador, pois decidiu retornar outras duas vezes.

Em 23 de janeiro de 1808, o Príncipe Regente D. João chegou em Salvador, que se tornou a sede da Corte Portuguesa por mais de um mês. Aqui foram tomadas as primeiras medidas de adaptação do Brasil para abrigar a Corte. Em 28 de janeiro, foi assinada a Carta Régia de Abertura dos Portos do Brasil às nações amigas. Em 18 de fevereiro, criou a Escola de Cirurgia da Bahia, o primeiro curso superior para profissionais liberais no Brasil. Após cerca de 35 dias, o Príncipe Regente partiu para o Rio de Janeiro, que tomou o lugar de Salvador como a maior cidade do Brasil, nos anos seguintes.

Salvador continuou como o maior porto do Brasil, até os anos 1870, e a capital eclesiástica até 1892. Muitos visitantes estrangeiros chegavam na mais antiga cidade brasileira e encantavam-se com seu charme. Salvador recebeu muitos imigrantes ao logo do século 19, especialmente ingleses, portugueses, alemães e suíços. O naturalista Charles Darwin escreveu em seu diário que Salvador parecia uma cidade das Arábias (das Mil e Uma Noites).

Desde o final do século 18, a Maçonaria disputava espaços sociais com as confrarias baianas, mas sem vínculo católico. Com a independência dos Estados Unidos e os movimentos liberais na Europa, os maçons tinham simpatia por mais autonomia política. Em Salvador, a mais célebre ação dos maçons foi a libertação do líder farroupilha Bento Gonçalves, aprisionado no Forte São Marcelo, em agosto de 1837.

Em 1810, foi inaugurado o Passeio Público, a principal área de lazer da Cidade pelas décadas seguintes. Em 1811, foi fundada a Associação Comercial da Bahia, a mais antiga associação patronal do Brasil. Em maio do mesmo ano, começou a circular a Idade d'Ouro do Brazil, publicada em Salvador, a primeira gazeta de propriedade privada do Brasil. O Theatro São João, a primeira grande casa de espetáculo do Brasil, inaugurada em 1812, disputava sua suntuosidade com as grandes igrejas da Cidade.

Em fevereiro de 1821, os ideais da Revolução Liberal de Portugal, deflagrada no ano anterior, chegaram na Bahia, onde houve o Movimento Constitucionalista. Defendia-se uma monarquia constitucional para todo o Império Lusitano, cuja Corte estava no Brasil.

1822 - Guerra de Independência do Brasil na Bahia

Em janeiro de 1835, houve a Revolta dos Malês, liderada por africanos de religião muçulmana. O movimento foi sufocado, mas deixou seu recado libertário.

Em 25 de outubro de 1836, deu-se a Cemiterada, uma revolta popular, principalmente de negros, contra a lei que proibiu enterros em igrejas, a partir do dia seguinte.

Em 1837, estourou a Sabinada, sufocada no ano seguinte.

Em 1843, houve um grande desmoronamento de terras atrás do Cais Dourado, na Freguesia do Pilar. Desmoronamentos sempre foi um grande problema em Salvador. Em 1846, começaram as obras de contenção das encostas da Cidade Alta, com grandes muralhas de alvenaria, que mudaram a paisagem da Cidade. As duas ilustração acima mostram o antes e o depois. Trechos dessas muralhas de contenção ainda estavam em construção em 1852.

Em 1857, Salvador tornou-se a primeira cidade do Brasil a ter água potável encanada, através do Sistema do Queimado. Foi um marco da engenharia nacional.

Em 6 de outubro de 1859, o Imperador D. Pedro II chegou em Salvador. Visitou vários pontos da Cidade por mais de um mês. Depois visitou outras cidades baianas e seguiu para outras província do norte.

Em 28 de junho de 1860, foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, entre a Estação da Jequitaia e o Porto de Aratu. Chegou em Alagoinhas, em 1863, e em Juazeiro, em 1896.

1864 a 1870 - Guerra do Paraguay

Em 1871, estreou em Salvador um Thomson road steamer, que se tornou o primeiro carro urbano a rodar com sucesso no Brasil. No mesmo ano, fundou-se a Academia de Belas Artes da Bahia.

Em 1873, Salvador ganhou uma de suas mais conhecidas construções: o Elevador Lacerda, um dos mais importantes empreendimentos da engenharia brasileira no século 19. No mesmo ano, foi instalado o Farol de Itapuã.

1888 - Abolição da escravatura.

1889 - Proclamação da República. Destacou-se a participação de Ruy Barbosa no novo governo e na elaboração da nova Constituição, promulgada em 1891.

Em 15 de abril de 1891, fundou-se a Faculdade Livre de Direito da Bahia. No mesmo ano, Luiz Tarquínio fundou a Companhia Empório Industrial do Norte, uma industria têxtil que se somou a outras da Bahia, incluindo a do Queimado.

A religião protestante chegou em Salvador, no século 19. Antes, houve apenas um breve período, durante a Invasão Holandesa (1624-1625), em que os protestantes professaram abertamente sua fé, na Bahia. A capelania britânica foi estabelecida em 1815. A Igreja Presbiteriana da Bahia foi fundada em 1872 e a Primeira Igreja Batista na Bahia, em 1882.

Em 1894, fundou-se a Escola Politécnica da Bahia. Um curso de engenharia militar funcionou no Forte de São Pedro até o início do século 19.

Na segunda metade do século 19, Salvador foi ultrapassada por São Paulo, ficando em terceiro lugar, no Brasil, em população. Também perdeu o posto de porto mais movimentado da América do Sul. Salvador continuou como o principal centro cultural do Brasil, na maior parte do século 19. Como exemplo, em 1878, o escritor carioca França Júnior, patrono da Cadeira n. 12 da ABL, citou em sua obra que a Bahia era a Atenas Brasileira. Essa designação foi comum na segunda metade do século 19.

No final do século 19, Salvador continuava sendo um centro comercial de importância internacional, como relatou Moritz Lamberg (1896): A Bahia é, presentemente, uma das primeiras cidades comerciais da América do Sul e, como praça sólida, não é inferior a nenhuma outra e é por isso que goza na Europa de muito crédito. Entretanto, o crescimento populacional da capital baiana estagnou e só foi retomado nos anos 1940.

Mais: Brasil no Século 19 e Salvador no Século 20

 

 

Seculo 19

 

Salvador em 1819.

 

Charles Darwin

 

Mercado do Ouro

 

Todo o charme da Salvador oitocentista em lápis e aquarela do pintor inglês Thomas Colman Dibdin (1810-1893). A muralha de alvenaria, que protege a encosta da Praça do Theatro, começou a ser construída em 1846.

 

 

Bahia seculo xix

 

 

Igrejas Salvador

 

Neoclássico e Neogótico em Salvador no Século 19

O estilo neoclássico brilhou em Salvador no século 19, mas começou a tomar formar, na Bahia, no final do século 18, na decoração do interior de igrejas. Os primeiro exemplos são a talha neoclássica das Igrejas do Senhor do Bonfim e do Pilar, várias outras se seguiram. O único exemplo de fachada de templo, nesse estilo, entretanto, foi o da antiga Igreja Anglicana do Campo Grande. Em 1817, foi inaugurado o Palácio da Associação Comercial da Bahia. Vários monumentos e chafarizes de Salvador adotaram o neoclássico, com destaque para o Chafariz do Terreiro, o Chafariz da Praça do Comércio (perdido), o Monumento à Batalha de Riachuelo e o Monumento a Dois de Julho do Campo Grande.

O estilo neogótico foi adotado em algumas igrejas de Salvador, na segunda metade do século 19. O primeiro templo, nesse estilo, foi a Capela do Campo Santo, fotografada por Wilhelm Gaensly, entre 1870 e 1880. Outros exemplos são a Igreja de Santa Doroteia, a Igreja de Periperi, a Capela da Casa da Providência e a Capela do Sagrado Coração de Jesus.

 

Salvador seculo XVIII

 

Patrimonios historicos

 

Monumento Campo Grande
Neoclassico

 

O magnífico Monumento ao Dois de Julho no Campo Grande, inaugurado em 1895. Na época, era o mais alto monumento da América do Sul.

Templo neoclássico dos anglicanos no Campo Grande, inaugurado em 1853 e demolido em 1975.

 

História de Salvador

 

Salvador

 

Mapas Salvador

 

Primeiro automovel Brasil

 

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Salvador no Século 19

 

Por Jonildo Bacelar